Acordo, vou à janela e afasto, de um arremesso só, as pesadas cortinas. Há nuvens, mas o Sol, teimoso, ameaça perfurar os maciços de nuvens e tudo pode acontecer. Tomo o pequeno-almoço quase colado às enormes vidraças, hipnotizado pelo contraste entre o verde da serra solitária, o azul da piscina deserta e o amarelo das espreguiçadeiras alinhadas, mas vazias. Há um riacho que cavou o seu leito no granito. É hora de dizer adeus ao Mondim Hotel e de me fazer, mais uma vez, à estrada.
Traço um caminho menos óbvio até Vila Real, primeiro pela 312-1, em seguida pela 313, que me há-de permitir desfrutar de uma paisagem atávica, com planaltos a maior altitude, onde tudo, ou quase tudo, é ainda rústico, simples, silencioso e duro. Rodo por lugares como Bobal ou Lamas de Olo, onde muitos praticam uma agricultura de subsistência e se ocupam do gado.
Uma chuva miudinha recebe-me em Vila Real. Ancorada entre as serras do Marão e do Mesio, na encruzilhada trasmontana, esta cidade maronesa tem crescido a bom ritmo, em grande parte acelerada pelo pólo universitário e pelos imperativos económicos, mas conserva uma graça que lhe vem de construções como as casas antigas, com as típicas adufas (balcões ou sacadas) em madeira, que podem ainda ser apreciadas na Rua dos Ferreiros, ou a Capela Nova, cuja fachada ornamental se deve a Nicolau Nasoni (o arquitecto italiano do Palácio Mateus – edição de Outubro de 2008).
É numa rua contígua à capela que encontro o restaurante Terra de Montanha. Quando deixo Vila Real, já um feixe tímido, mas insistente, ilumina a tarde. À saída, e além de Mateus, merece um desvio rápido a povoação de Bisalhães, onde há várias décadas mestres oleiros tentam perpetuar a tradição do barro negro, oriundo de Parada de Cunhos.
O resto da rota até Chaves há-de ser feito sem sobressaltos. Pelo caminho pode parar em Vila Pouca de Aguiar, onde fica a capela e miradouro de Nossa Senhora da Conceição, em Pedras Salgadas ou no Vidago, sendo certo que nestas duas últimas, se as termas ainda não estiverem abertas, não encontrará muito que fazer ou ver. Chego à cidade flaviense, também aclamada como capital do alto Tâmega, um pouco antes do lusco-fusco. Nem de propósito, é esta a hora mágica para aguardar na mais antiga das suas pontes – a de Trajano, que liga o centro antigo à freguesia mais recente da Madalena –, que os lampiões se acendam vagarosamente. Não sei se é da bruma, que entretanto baixa, se do ar frio e espesso impregnado de um odor adocicado a madeira ardida ou se da donzela de olhar absorto nas margens, mas logo ali, naquele preciso instante, me perco de amores por Chaves.
Traço um caminho menos óbvio até Vila Real, primeiro pela 312-1, em seguida pela 313, que me há-de permitir desfrutar de uma paisagem atávica, com planaltos a maior altitude, onde tudo, ou quase tudo, é ainda rústico, simples, silencioso e duro. Rodo por lugares como Bobal ou Lamas de Olo, onde muitos praticam uma agricultura de subsistência e se ocupam do gado.
Uma chuva miudinha recebe-me em Vila Real. Ancorada entre as serras do Marão e do Mesio, na encruzilhada trasmontana, esta cidade maronesa tem crescido a bom ritmo, em grande parte acelerada pelo pólo universitário e pelos imperativos económicos, mas conserva uma graça que lhe vem de construções como as casas antigas, com as típicas adufas (balcões ou sacadas) em madeira, que podem ainda ser apreciadas na Rua dos Ferreiros, ou a Capela Nova, cuja fachada ornamental se deve a Nicolau Nasoni (o arquitecto italiano do Palácio Mateus – edição de Outubro de 2008).
É numa rua contígua à capela que encontro o restaurante Terra de Montanha. Quando deixo Vila Real, já um feixe tímido, mas insistente, ilumina a tarde. À saída, e além de Mateus, merece um desvio rápido a povoação de Bisalhães, onde há várias décadas mestres oleiros tentam perpetuar a tradição do barro negro, oriundo de Parada de Cunhos.
O resto da rota até Chaves há-de ser feito sem sobressaltos. Pelo caminho pode parar em Vila Pouca de Aguiar, onde fica a capela e miradouro de Nossa Senhora da Conceição, em Pedras Salgadas ou no Vidago, sendo certo que nestas duas últimas, se as termas ainda não estiverem abertas, não encontrará muito que fazer ou ver. Chego à cidade flaviense, também aclamada como capital do alto Tâmega, um pouco antes do lusco-fusco. Nem de propósito, é esta a hora mágica para aguardar na mais antiga das suas pontes – a de Trajano, que liga o centro antigo à freguesia mais recente da Madalena –, que os lampiões se acendam vagarosamente. Não sei se é da bruma, que entretanto baixa, se do ar frio e espesso impregnado de um odor adocicado a madeira ardida ou se da donzela de olhar absorto nas margens, mas logo ali, naquele preciso instante, me perco de amores por Chaves.
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